Amapá pode aproveitar resíduos sólidos e rejeitos da piscicultura para produção de biogás

Foto: Divulgação/TNC

A produção de biogás é um dos projetos que devem receber investimentos a partir de 2022 no Amapá. A iniciativa será implementada pelo Instituto Amazônia+21, que desenvolve ações de apoio às empresas da Amazônia Legal na adequação dos processos produtivos às práticas sustentáveis.

O gás é resultante da decomposição de resíduos orgânicos e gera energia térmica, elétrica e veicular de forma limpa e com redução de custos e impactos ao meio ambiente. No caso de Amapá, o potencial de produção do combustível verde está concentrado nos resíduos sólidos urbanos e nos descartes do processamento da mandioca e da piscicultura.

Segundo estudo do Instituto Escolhas, publicado em agosto deste ano, os resíduos de todos os estados da Amazônia poderiam gerar mais de 537 milhões de metros cúbicos de biogás por ano, algo em torno de 1,1 TWh de eletricidade. Apenas com o que sobra do abate de pescado realizado no Amapá é possível produzir mais de 488 mil metros cúbicos de biogás ao ano. 

Para se ter uma ideia, a energia gerada seria equivalente a mais de 14 mil botijões de gás de cozinha. Já os resíduos sólidos urbanos do estado têm potencial para gerar 30 GWh de energia elétrica, o que poderia atender mais de 15 mil residências, beneficiando mais de 60 mil pessoas.

As usinas de geração de biogás, no entanto, dependem de tecnologia e investimentos. E é aí que entra o Instituto Amazônia+21. O objetivo da iniciativa não é apenas fazer o mapeamento de soluções, oportunidades e perspectivas relacionadas ao desenvolvimento sustentável na região, mas também proporcionar a conexão dos produtores locais com potenciais investidores.

Segundo Marcelo Thomé, presidente do Instituto, a ideia é fazer a interação entre o empresário amazônico, que deve apresentar sua realidade, com aquele que pode investir e impulsionar projetos de impacto. “Seremos o elo de quem produz e conhece o local e aqueles que têm interesse e compromisso de investir de maneira sustentável, tornando-se aliados na conservação da Amazônia”, explica.

A gerente para Políticas Públicas e Relações Governamentais da ONG TNC Brasil, Karen Oliveira, explica que o biogás é mais um potencial da economia verde, dentro de um modelo de transição para um modelo de desenvolvimento, de economia de baixo carbono. E que o trabalho do Instituto Amazônia+21 será essencial, já que é necessário investimento em tecnologia e informação dos processos, entre eles a destinação adequada desses resíduos, para que eles possam ser aproveitados em estruturas geradoras de biogás.

“A Amazônia tem um potencial enorme nesse sentido, usando resíduos sólidos de áreas urbanas, mas também resíduos do processamento da mandioca, resíduos do processamento do açaí. Mas para que isso ganhe escala é necessário investimentos em tecnologia, transferência de tecnologia”, explica a especialista.

A gerente da TNC, que atua há 30 anos na Amazônia com foco em conservação e mitigação de mudanças climáticas, ressalta ainda que a produção do biogás é um excelente componente da bioeconomia moderna porque tem a capacidade de levar desenvolvimento sustentável aos produtores locais ao passo que contribui para a missão de combate à emissão de gases nocivos. “A produção de biogás pode ser transformadora para a região amazônica, em especial usando resíduos de produtos amazônicos, resíduos desses produtos da floresta que ao mesmo tempo em que geram energia podem contribuir também para a manutenção da floresta em pé.”

Além do projeto da produção de biogás, o Amazônia+21 aposta, também já a partir de 2022, na integração da lavoura e da pecuária com a floresta, adotando práticas de agricultura regenerativa e de baixo carbono. A presença física do Instituto nos estados será feita por meio das federações de indústria, como a FIEAP, no Amapá, e o site da iniciativa será lançado em breve, onde os produtores e possíveis investidores terão acesso a informações dos projetos em andamento.
 

Fonte: Brasil 61

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