
O economista e pesquisador Felipe Queiroz afirma que a pequena indústria é onerada pelo complexo sistema tributário brasileiro.
“Hoje nós temos uma carga extremamente excessiva e complexa, que demanda um exército enorme de contadores, de tributaristas, especialmente para saber o que tem ou não que pagar e quanto pagar. O processo de simplificação e de reforma tributária traz ganhos e eficiência para diversas cadeias produtivas e, no caso específico da indústria, tira um peso, um ônus e passa a dividir de modo mais equânime sobre diferentes setores de atividade.”
O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) defende que a reforma tributária vai trazer um alívio para os empreendedores da pequena indústria.
“E o primeiro passo foi dado. Qual é o primeiro passo? A simplificação. Se gasta muito recurso, muita energia para superar as barreiras burocráticas que a nossa legislação tributária impõe. E a mudança da estrutura tributária, para que o tributo se faça no destino e não na origem, eu acho que é uma coisa bastante relevante. Espero que seja possível, nesse debate que ainda está em curso, ampliar as diferenciações tributárias para o pequeno negócio e particularmente para a pequena indústria.”
Segundo o parlamentar, o Brasil enfrenta uma fase desafiadora para construir um ambiente favorável para a retomada da industrialização e “a reforma tributária pode desempenhar um papel fundamental nisso e já começou bem, na minha opinião”, avalia.
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Confiança
Ainda de acordo com o levantamento da CNI, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) para as indústrias de pequeno porte aumentou 1,3 ponto entre junho e julho de 2023, passando de 50,6 pontos. É a primeira vez este ano que o indicador ultrapassa a linha divisória dos 50 pontos, que separa a confiança e a falta dela, mas ainda segue abaixo da média histórica de 52,8 pontos.
Segundo o economista Felipe Queiroz, a redução da taxa básica de juros e o conjunto de medidas de incentivo à produção e ao consumo adotadas ao longo dos primeiros meses do ano têm surtido um efeito gradual na confiança do empresário.
“Ao longo dos últimos anos, a taxa básica de juros aumentou de modo substancial. E não obstante a isso, há um reflexo direto sobre o custo de financiamento do empresário industrial, especialmente para os pequenos industriais que necessitam captar recursos de capital de giro, de investimento. Outro ponto é que o governo tem adotado um conjunto de medidas para produzir a retomada do crescimento e um ambiente melhor de negócios, ou seja, medidas como reforma tributária são vistas de modo muito positivo. Então o que temos observado é que a economia brasileira começa a engrenar e isso afeta o humor, mas ainda de modo muito tímido.”
O economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, também relaciona a confiança do empresário industrial com a redução da taxa básica de juros.
“Um dos fatores importantes para a melhoria desse cenário é a redução da taxa de juros que vem acontecendo. Então, na última reunião do Copom, o Banco Central reduziu a taxa de juros. Isso vai ter um impacto direto nesse fator motivacional do pequeno empresário industrial, porque a indústria depende muito do crédito e também o crédito afeta diretamente o serviço, sobretudo a venda de bens duráveis.”
Segundo o Panorama da Pequena Indústria, o índice de perspectivas da indústria de pequeno porte — que capta as expectativas para os próximos seis meses — apontou um aumento de 2,1 pontos em julho de 2023 e alcançou 49,5 pontos.
Fonte: Brasil 61


