Comemorado em 1956
A revista O Cruzeiro veio a Cachoeira do Campo e, como reportagem sobre o evento, produziu essa coisa aqui reproduzida
A reportagem foi reproduzida no site original, por ocasião do 150º aniversário da mesma entidade, em 2006. Entretanto, entre as perdas sofridas pelo site original, está a página dedicada ao assunto, reduzido a poucas notas. Entendemos necessária a reprodução, não só como referência histórica, mas, também para mostrar como não deve se comportar o profissional da comunicação ao apresentar, divulgar e historiar qualquer realização, produto do esforço da pessoa humana. No presente caso, foi uma banda de música, entidade entre as muitas do gênero, costumeiramente, maltratadas, desvalorizadas, debochadas, embora prestem inestimável serviço à cultura, bem como à inserção e promoção do individuo na sociedade. A republicação desta página só foi possível graças à especial gentileza (porque material como este não se empresta) do amigo Aparecido Miranda
Segue a republicação
Centenário da Banda Euterpe Cachoeirense
sob a visão torpe da revista O CRUZEIRO em 1956
No momento em que Cachoeira do Campo comemora o sesquicentenário da Banda Euterpe Cachoeirense, ou seja, o seu 150º aniversário, é importante que voltemos nossa memória à celebração do seu centenário há cinqüenta anos. Foi momento muito aguardado, preparado com carinho, pois, banda de música permanecer de pé por cem anos, neste país, é algo digno de nota. Além da efeméride em si, o fato de ter reunidas outras cinco corporações musicais, além das duas locais, era algo inédito em Cachoeira do Campo. Todas as atenções se voltaram para cá, e até famosa O CRUZEIRO, “maior revista da América Latina”, enviou seu não menos famoso fotógrafo Eugênio Silva a acompanhar o repórter José Franco. Críamos que seria trabalho sério, que mostrasse a face real da banda de música, mas aqueles profissionais e a empresa para a qual trabalhavam só tinham olhos para detalhes pequenos, destoantes do verdadeiro significado daquele momento, desprezando a grandiosidade da obra. Eles passaram por Cachoeira do Campo uma semana antes, visitaram as duas bandas durante ensaios, e voltaram no dia das comemorações. A revista não publicou uma foto sequer das bandas perfiladas, organizadas, uniformizadas e reunidas na praça. Não emitiu uma nota (sem trocadilho) sobre o espetáculo musical produzido! Partiu para a ridicularização, o deboche, entremeados de mentiras! Pois bem, cinquenta anos se passaram e todas as bandas participantes daquele evento estão de pé. São elas: Sociedade Musical Senhor Bom Jesus de Matosinhos/Ouro Preto; Sociedade Musical Santa Cecília/Conselheiro Lafaiete; Corporação Musical Santa Cecília/Itabirito; Corporação Musical Nossa Senhora da Conceição/Belo Horizonte; Sociedade Musical União XV de Novembro/Mariana; Sociedade Musical União Social/Cachoeira do Campo; e, é claro, a Banda Euterpe Cachoeirense. E a aniversariante daquele longínquo 1956, novamente mobiliza outras corporações musicais em torno de si, para celebrar mais cinquenta anos de história.
O idealizador e responsável por este “site” pa#E6D0B2rticipou daquele evento na condição integrante da S.M. União Social e, por isso, sabe como dói ver a soma de esforços de tantos na comunidade ser alvo de chacotas. Disponibilizam-se, no virtual, as páginas daquela edição com dois propósitos: mostrar à atualidade o que a imprensa não deve fazer em relação às melhores realizações da comunidade e chamar a atenção da sociedade para o significado da instituição banda de música, cuja existência se deve ao fato de reunir grande potencial humano, nem sempre reconhecido. E o 150º aniversário da Banda Euterpe Cachoeirense é a prova eloquente do poder de realização de cidadãos, mesmo os mais simples, quando reunidos e movidos por idealismo, companheirismo e solidariedade. Quanto à O CRUZEIRO, dita então “a maior revista da América Latina”, desapareceu na voragem do tempo, levando consigo toda sua presunção, preconceito e vontade de depreciar realizações alheias.
Na medida do possível estas páginas foram construídas, repetindo a mesma diagramação da reportagem escrita. A qualidade das fotos (escaneadas) não pode ser melhor devido ao “peso” que retarda em muito a abertura das páginas.
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Desde a abertura se mostra a real intenção dos dois. A esculhambação começa com o título “Charangas”, denominação dada a grupos musicais, reunidos ao acaso, para animar qualquer manifestação popular, a começar pelo futebol. O texto segue permeado de mentiras e considerações desmerecedoras. Ainda não se cometia o erro, hoje comum até entre órgãos oficiais, dizendo ser Cachoeira do Campo localizada no distrito de Ouro Preto.




câmera, mas se mete a opinar sobre a capacidade do percussionista.


A foto do cavaleiro a carregar a tuba (souzafone) é uma das mentiras contadas. Nenhum músico morava tão longe, que necessitasse de montaria, além do fato de esse instrumento não ser levado para casa. Como não testemunhamos o momento do clique, nem se pode dizer que se tratasse de músico, uma vez que foi fotografado pelas costas



Esses músicos eram senhores respeitáveis, todos com larga folha de serviços musicais prestados à banda. Mereciam ter suas histórias contadas, ainda que resumidamente, mas o repórter se limitou a legendas ridículas, insossas, só para encher papel e desvalorizar o semelhante. Mais respeito, gente!






Os dois, ditos profissionais de O Cruzeiro “a maior revista da América Latina”, pelo visto, estavam a aproveitar a oportunidade para um passeio e, ao mesmo tempo brincar às custas da ingenuidade dos cachoeirenses de então. O Belchior da foto não era Belchior. mas “Brechó’ mesmo, apelido do alfaiate Américo, que nunca toou um instrumento de sopro. Tocava, sim, banjo, em conjuntos típicos, muito comuns à época. O texto (Fôlego de 7 gatos) é uma enxurrada de bobagens, que nada diz de nada e de ninguém; é próprio de quem, na hora de escrever, tendo a cabeça vazia, lasca qualquer coisa, ainda que que isso, além de nada construir ofende o brio alheio.

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“Fogueteiro particular” só mesmo nas respectivas cabeças de José Franco e Eugênio Silva, pois foguete e banda de música são duas coisa que não combinam. O músico de tolera o foguete como “mal necessário” nas festas, mas, gostar, não gosta. Além de perturbar, pode causar sérios acidentes. Hoje nem tanto, mas, no passado, foguete era também forte concorrente entre os dispêndios numa festa. Gastavam-se grandes quantias em foguetórios, mas o cachê da banda, às vezes dez vezes menor, era questionado. E os dois a dizer que cada banda tinha seu fogueteiro!



Curiosidade e estripulias infantis são sempre bem vistas, mas se os senhores da revista O Cruzeiro se deslocaram até aqui, para registrar as comemorações relativas ao centenário da banda Euterpe Cachoeirense, estes registros estão fora do contexto.

A foto da tuba encostada à porta do boteco é algo fora de propósito, tal qual a foto do cavaleiro acima. Aliás, elas são sequenciais em seu forjamento. Músico de banda nunca cometeria tal ato de indisciplina, pois muito preza os valores aprendidos dentro de sua corporação, que não lhe ensina tão somente música

Nenhuma consideração se teve para com o regente José Avelino Murta (Juquinha) da banda aniversariante, à exceção desta foto.
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Até com o prendedor de roupa como quebra -galho, na falta de estantes, o Eugênio Silva se incomodou. Para banda música, estantes individuais eram um luxo, pois não dinheiro para tal. Por que le não fez doação da ferramenta?

Assim como a foto da Banda Euterpe Cachoeirense, a desfilar na praça, oito dias antes do evento, esta da Sociedade Musical União Social, foi feita no mesmo dia, após o ensaio. A título de desvalorizar as bandas, fizeram questão vir uma semana antes, para se fazer os registros delas sem o uniforme. O comportamento da revista O Cruzeiro e dos seus repórteres foi muito além da falta de ética: foi cafajestagem! Canalhice pura! O presidente da União Social, àquela época, Teodolino Lemos (Dulino), havia prevenido os músicos sobre o que poderiam fazer os repórteres, mas não se imaginava que chegassem a tanto. Dessa foto há dois sobreviventes; o José Catarino Viana (96 ano e us anos), primeiro à direita, na linha da frente; e, ao seu lado, no meio, o criador/editor deste site, um magricela ainda com cabelo, nos seus, então 16 anos de idade e 1 de banda. conserva-se indignado com a reportagem, tanto quanto, pela primeira vez viu a revista. Há cerca de um mês, faleceu o Rui da Conceição, trombonista, à frente da banda naquele dia (de costas), primo do José Catarino; e há pouco mais de uma semana (julho de 2022), morreu o bombardinista, Nilton Viana (Tenente), na última linha, entre as duas tubas. O Nilton era irmão do José Catarino. Os dois recém-falecidos estavam na faixa dos 90 anos. À direita vê=se o maestro Randolfo de Lemos, a ouvir(era cego), que foi regente por cerca de sessenta anos e, com ele, na banda, estiveram todos seus filhos e muitos dos netos NGB.