Os principais indicadores da pequena indústria melhoraram no terceiro trimestre deste ano. O aumento no índice de desempenho, que chegou a 48,3 pontos nos meses de julho, agosto e setembro, ante 46,5 pontos no segundo trimestre; além do leve crescimento no índice de situação financeira, que ficou em 42,6 pontos — antes 42,3 pontos — são os destaques positivos do Panorama da Pequena Indústria, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o levantamento, as medidas de acesso ao crédito são responsáveis, em boa parte, pela melhora no faturamento dos micro e pequenos negócios industriais. Tiveram peso importante o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que oferece empréstimos a juros mais baixos e com prazos extensos para o pagamento, e o Open Banking.
Segundo o deputado federal Alexis Fonteyne (Novo/SP), o Pronampe e o Open Banking são importantes na retomada da atividade das pequenas indústrias, que costumam ter poucas garantias e finanças mais frágeis. No entanto, ele destaca que é a volta do consumo que mais impacta o desempenho e o faturamento desses negócios.
“A melhoria financeira está muito mais vinculada à atividade econômica, atividade da empresa, do que ter folga no caixa. Não podemos confundir ter caixa como saúde financeira. É óbvio que ter acesso a recursos é importante, mas eu entendo que mais importante do que isso é ter a retomada das vendas, a abertura das portas, é o consumo que aumenta”, acredita.
Problemas
Os donos de micro e pequenas indústrias, sobretudo dos segmentos de transformação e construção, apontam que a falta ou alto custo de matéria-prima é o principal problema que enfrentam há cinco trimestres, ou seja, um ano e três meses. “A falta de matérias-primas e, por isso mesmo, o elevado custo delas, continua ainda como grande problema das empresas”, aponta o parlamentar.
Para Marco Antonio Rocha, professor do Instituto de Economia e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o fornecimento de insumos e matérias-primas só deve se normalizar no primeiro semestre de 2022.
“A gente está vendo que, mundo afora, há uma série de problemas relativos à normalização do comércio e do fornecimento da estrutura de certas cadeias de fornecimento de insumos no pós-pandemia, mas isso tende a se normalizar com passar do tempo, embora ainda vai exercer certas pressões de custo, pelo menos, até ano que vem”, projeta.
As micro e pequenas indústrias também apontam desafios internos à retomada econômica, como a elevada carga tributária e a falta ou alto custo de energia. Segundo Rocha, o baixo investimento para diversificar a matriz do setor, muito dependente das hidrelétricas, e a falta de chuvas explicam a crise energética. “Esse é um problema mais difícil de se corrigir, porque são investimentos de grande escala, são investimentos de longa maturação, e tudo isso demora um tempo até que a oferta chegue ali na ponta da indústria. Então, as pressões sobre custos ainda permanecerão por um certo tempo”, avalia.
Projeto beneficia empresas de micro e pequeno porte, que representam 94% do setor produtivo do ES
Otimismo
Apesar de dois dois indicadores que compõem o panorama da pequena indústria – confiança e perspectivas – terem apresentado queda em outubro, em relação aos valores do trimestre de julho a setembro, ainda assim os valores se encontram no patamar acima de 50 pontos, que indicam otimismo entre os micro e pequenos empresários.
Fonte: Brasil 61
Ajude-nos a crescer! Compartilhe esta matéria com seus amigos no Facebook clicando no botão abaixo para desbloquear o conteúdo automaticamente. Compartilhar é grátis!