Vereador quer aparecer e se promover às custas da simplicidade do povo

Um passarinho me contou que um vereador está, ou estava, à procura de pessoa que queira gravar críticas ou reclamação contra os incômodos causados pela obra, que ora se executa na Rua Santo Antônio, em Cachoeira do Campo/Ouro Preto.
Não sei dizer se ele conseguiu realizar seu intento. Também não sei quem é o vereador, não quero saber e tenho raiva de quem sabe!
Só sei que a obra é, absolutamente, necessária; e a tentativa de intervenção do vereador é inoportuna, sobretudo porque o faz, valendo-se da fragilidade emocional das pessoas, atingidas pelos transtornos causados pelos serviços. Todos estamos sendo incomodados, de uma maneira ou de outra.
Os residentes perto da obra – é o meu caso – os comerciantes e seus clientes, os condutores de veículos, os pedestres. Ninguém escapa aos transtornos, mas não há como executar a obra sem causá-los; e ela, conforme já dito, é necessária. Sem quebra de ovos não há omelete! Então o que quer o vereador?
Simplesmente aparecer à custa da simplicidade de pessoas, promover-se e marcar pontos como suposto defensor do povo, em garantia de mais votos nas próximas eleições. A eterna enganação desse sistema político, dito democrático, porém, de democracia pouca cois tem. Outras coisas existem a incomodar e, no entanto, nenhum vereador levanta a bunda da cadeira e toma alguma atitude para, pelo menos, ouvir o povo.
Há muito tempo que se clama contra o chamado “som automotivo”, cuja finalidade nunca foi alegrar os ocupantes do veículo, mas, sim, azucrinar o público à sua volta. Como se não bastasse a qualidade do ruído, que os “entendidos” chamam música, o som grave (subwoofer) é aberto acima do agudo, provocando vibrações que chegam a chacoalhar vidraças. Imagine-se o efeito disso no sistema nervoso humano!



Desde 2016, de acordo com Resolução do CONTRAN, som ouvido no lado externo do veículo dá multa, apreensão do veículo para regularização, e perda de pontos na CNH. Pois é; nunca um vereador se propôs ouvir o povo ouro-pretano sobre o que ele acha de ter sua conversa cortada, não poder ouvir o som da TV ou, pior, ser acordado, na madrugada, por alguém, na rua, com o subwoofer do carro ligado nas alturas. Isso acontece há anos e ninguém faz com que a Lei se cumpra!
Ao contrário, transtornos passageiros e inevitáveis, provocados por obra absolutamente necessária, levam vereador ao uso da voz do povo, para questionar o que deve ser tolerado com paciência, pois o resultado final deverá anular os pontos negativos de agora. Entenda agora a diferenciação no tratamento das duas questões.
No primeiro caso, sempre há alguém insatisfeito e a reclamar, ainda que os benefícios, lá na frente sejam notórios. O político tende a ganhar pontos, quando explora, junto ao povo, aspectos positivos ou negativos da administração pública; não importa sua posição, situação ou oposição. Para ele não importa se a obra é benéfica, mas se trás desconfortos durante sua execução, isso merece ser explorado. Por isso, a qualquer reclamação contra a administração pública, ainda que não encontre eco favoravel, sempre pode contar com um político esperto, para dela tirar proveito.



No segundo caso, ao contrário, o abuso do som automotivo, além de muita gente não testemunhar por medo de represálias, o político encontra pela frente o fabricante da geringonça, o setor de comercialização, os instaladores da coisa, o consumidor e usuário final. Confronto político, nos bastidores políticos, é uma coisa; confronto político, no mercado, junto a possíveis eleitores, é outra coisa. São votos que ele pode perder! Vai se arriscar? Vai nada! NGB