Pesquisa aponta alto consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças entre zero e 6 anos de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família

Imagem: Marcelo Camargo// Agência Brasil

Uma pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontou alto consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças de zero a 6 anos de famílias beneficiadas Bolsa Família. O estudo “Alimentação na Primeira Infância: conhecimentos, atitudes e práticas de beneficiários do Bolsa Família” analisou os hábitos alimentares de famílias com crianças menores de 6 anos apoiadas pelo programa social vivendo na Amazônia Legal, no Semiárido Brasileiro e em dez capitais (Manaus, Belém, São Luís, Fortaleza, Recife, Maceió, Salvador, Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo). 

A amostra de entrevistados, composta principalmente por mães (79,5%), mostrou que a maioria dos domicílios tem a figura materna como a principal responsável pelo sustento da família (56%). Cerca de 80% das famílias relataram o consumo de alimentos ultraprocessados pelas crianças no dia anterior à entrevista. 

Alimentos ultraprocessados são formulações industriais prontas para consumo e feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e outros aditivos usados para alterar propriedades sensoriais).

Os alimentos mais consumidos foram biscoitos salgados ou recheados e bebidas açucaradas, como bebidas lácteas e achocolatados. 

“O estudo aponta ainda que a baixa qualidade da alimentação faz com que os pequenos não recebam nutrientes suficientes para o desenvolvimento e crescimento adequado e insegurança alimentar”,  de acordo com  Stephanie Amaral, oficial de Saúde do UNICEF no Brasil.

Os motivos citados com maior frequência para a compra de alimentos e bebidas ultraprocessados foram sabor (46%), preço (24%) e praticidade (17%). Outro fator é a acessibilidade, uma vez que 64% das famílias afirmaram morar perto de estabelecimentos de refeições prontas e 54%, próximas de lojas de conveniência, enquanto o acesso a hortas perto da casa é menor, pois ocorre apenas em 15% dos casos.

A falta de informação adequada impacta de maneira preocupante os hábitos alimentares dessas famílias, que enfrentam barreiras para identificar o que é de fato um alimento saudável. Pouco menos da metade (48%) das famílias não se sente confiante para interpretar os rótulos dos alimentos. Soma-se a isso o fato de que apenas 34% afirmaram que costumam lê-los e entendê-los com frequência antes da compra. 

A moradora de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, Cláudia Machado, tem uma filha de cinco anos e tem uma filha de 5 anos e costuma incluir alimentos ultraprocessados industrializados entre as receitas caseiras e saudáveis que oferece. 

“Aqui em casa eu recebo Bolsa Família,  eu tenho uma filha de cinco anos e costumo dar pra ela cuscuz, tapioca porque sustenta, sustenta mais, biscoitos e bolachas”.

O estudo demonstrou ainda que mais de um terço da amostra (35%) não ingere a quantidade necessária de ferro e quase metade (46%), de vitamina A.

Acesso a alimentos saudáveis

O acesso dificultado à alimentação saudável foi apontado por mais de 80% dos entrevistados, e a baixa diversidade na dieta por 25%. Crianças menores de 2 anos que vivem na Amazônia Legal, por exemplo, estão mais sujeitas à baixa diversidade na dieta do que no Semiárido ou nas capitais. A incidência de famílias em situação de insegurança alimentar também é maior em áreas rurais e na Amazônia Legal, antes e durante a pandemia.

Em três quartos das famílias entrevistadas há provável dificuldade na introdução de variedade na alimentação das crianças, o que pode influenciar a diversidade da alimentação e a ingestão de nutrientes. 

Os reflexos da crise sanitária global, causada pela pandemia de Covid- 19, recaíram sobre o acesso à renda e à alimentação adequada. Muitas pessoas perderam o apoio de espaços institucionais, como escolas que ofereciam merendas, e tiveram que centralizar a alimentação nos domicílios. Essa mudança ampliou a incidência de famílias em situação de insegurança alimentar.

Cerca de 72% das famílias entrevistadas afirmaram que alguma criança com idade até 5 anos e 11 meses que reside na casa deixou de fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprá-la. Esse número era de 54% antes da pandemia.

Fonte: Brasil 61

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