Impulsionada pela sensação de risco de inflação e agravamento na economia dos Estados Unidos, a bolsa de valores de Nova Iorque registrou, neste final de ano, uma tendência de crescimento no preço do ouro. Segundo especialistas ouvidos pelo Brasil 61, apesar de uma pequena queda nos últimos dias, a alta no preço do ouro deve se manter no principal centro econômico norte-americano, porque historicamente o metal desempenha um papel de segurança em momentos de crise.
De acordo com Maurício Gaoioti, especialista em comércio de ouro no Brasil, são dois os principais motivos que influenciam a tendência de crescimento no preço do ouro, nas bolsas de Nova Iorque, atualmente. “Neste final de dezembro, [o aumento ocorre] principalmente em relação aos dados econômicos americanos, que foram abaixo do esperado — esse é o primeiro fator”, justifica o empresário.
“O segundo fator de influência, que já está sustentando essa tendência de alta há um bom tempo, é a crescente demanda, pelos bancos centrais [de vários países], pela compra do ouro para as suas economias, para a sua reserva, em especial a China — que aumentou em mais de 167% o volume de compra para a reserva dela”, esclarece Gaioti.
Já o diretor Sustentabilidade do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Julio Nery, acrescenta que, além dos fatores da economia mundial, o preço internacional do ouro também pode estar sendo pressionado pela instabilidade gerada por conflitos bélicos existentes na faixa de Gaza e na Ucrânia. Por este raciocínio, a tendência de crescimento no preço de minérios como o ouro é impulsionada pela crescente sensação de risco que os investidores têm, em relação à economia mundial.
O especialista explica que, normalmente, as guerras, ainda que estejam sendo diminuídas neste momento, são sempre fatores que resultam em grande instabilidade para a economia mundial e que, por isso, ainda geram incertezas provocando uma flutuação para cima no valor do ouro. Ao Brasil 61, Júlio Nery explica que a subida no preço do ouro no mercado internacional pode influenciar de maneira positiva a mineração regular do ouro produzido no país.
“Como isso afeta as empresas brasileiras: são variações que podem perdurar por mais tempo ou não. Mas a gente sabe que esse preço do ouro acima de 1.800 dólares a onça já está perdurando por muito tempo. E isso certamente, para a mineração regular, implica num grande incentivo para novos projetos de mineração”, observa.
Taxas de juros
A expectativa de o Federal Reserve (Fed) manter taxas de juros elevadas por mais tempo na economia americana, segundo os especialistas, também impacta o valor do metal, já que o ouro desempenha o papel de ser um ativo de proteção e segurança, em ambientes de juros altos e incerteza econômica.
Além disso, os dados sobre o sentimento do consumidor nos Estados Unidos teriam causado um receio em relação às expectativas dos consumidores quanto à possibilidade de inflação prolongada no país, destacando ainda mais o valor do ouro como um ativo que preserva seu valor, a qualquer tempo, independentemente da situação econômica ou eventuais crises enfrentadas pelo país.
“Portanto, investir em ouro é uma estratégia segura, que oferece muitas vantagens no contexto financeiro e de investimentos atual e tende a continuar assim em 2024”, conclui Gaioti.
Fonte: Brasil 61